A viagem que é migrar - por Ana Paula Costa
Eu conheci a Ana Paula Costa em um dos muitos seminários relacionados com migração. O sorriso contagiante, a simpatia e a força que ela mostra (e tem) foram motivadores para nos aproximarmos.
Descobri depois, que assim como eu, também é Capixaba! Mas, quando falamos de migração, a gente deixa de ter um Estado e passa a ser Brasileira.
A Ana Paula Costa é uma das fundadoras do projeto Plataforma Mulheres do Brasil, que eu, ao invés de apresentar, convido a todos a conhecer.
Abaixo segue o relato da Ana Paula sobre "A Viagem que é Migrar". É a experiência dela, mas poderia ser a minha, a sua, ou de qualquer outra pessoa.
"A experiência migratória é muito particular. Começo dizendo isso porque cada pessoa leva consigo uma bagagem física, representada pelas malas de viagem e o que vem dentro delas, e uma bagagem simbólica, cheia de experiências, concepções de mundo e expectativas.
A bagagem simbólica foi a que mais passou (e passa) por alterações ao longo do meu processo migratório e, sem dúvidas, a maior mudança foi na forma como eu me via enquanto mulher.
Fui tomando consciência, desde a decisão de emigrar, que a única responsável por mim sou eu mesma. Esse despertar foi importante pois me coloquei no centro da minha vida, tomei uma direção e fui.
Vim preparada, informada e disposta a aumentar a minha bagagem simbólica e compartilhar coisas dela pelo caminho.
Eu vim sozinha, encarei o mundo e descobri que ser mulher sozinha no exterior não é fácil… Ser mulher não é fácil.
Ser mulher, brasileira e imigrante é cortar um dobrado.
Todos os dias eu tenho que conquistar meu espaço, mostrar que não sou intelectualmente inferior porque sou brasileira e desconstruir a imagem negativa que muitos aqui fora têm das mulheres do Brasil, principalmente os estereótipos relacionados à sexualidade.
Eu programava já há alguns anos morar fora do Brasil e em 2016 escolhi Portugal, aliás, escolhi a Universidade de Coimbra, onde passei um ano em mobilidade acadêmica e me apaixonei por Portugal.
Ser dona de mim foi meu maior descobrimento, parece um paradoxo dizer isso, porque é óbvio que todos nós somos donos das nossas escolhas, atitudes e sonhos.
Mas, ser dona de mim também é ter saudade da família e não voltar porque eu escolhi seguir meu próprio caminho, é exigir respeito, lutar pelos meus direitos e é enfrentar o preconceito todos os dias para que eu e outras mulheres não soframos nenhum tipo de violência ou discriminação por causa da sua nacionalidade.
Eu precisei sair do meu país de origem para me alinhar à luta das mulheres e me colocar como parte dela. Todas nós somos agentes de transformação e essa viagem que é migrar me mostrou que há muito para se fazer e que a mudança que eu quero ver no mundo precisa começar em mim."
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